Assuma a sua verdade
- Maíra Jaber
- 10 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
Um dos maiores desafios para um cantor é assumir sua verdade, sua identidade vocal e abraçar seu estilo. Nossa voz é única, algo como uma “impressão digital sonora”. Existem timbres parecidos mas não existem vozes exatamente iguais. Cada voz possui características únicas que farão com que o ouvinte seja capaz de identificar quem fala (ou quem canta).
Porém, o não conhecimento ou a não aceitação da própria voz e o desejo de ser como o outro (características que prevalecem principalmente nos cantores iniciantes), acabam nos fazendo mascarar nossa sonoridade natural. Ter boas referências é maravilhoso e fundamental na construção da nossa própria identidade, pois as referências nos abrem a visão para novas possibilidades e nos ajudam a encontrar nosso caminho. Mas a referência precisa ser um meio, nunca um fim.
Quando fazemos da referência nosso ideal, nosso ponto de chegada, nos esforçamos para ser como o outro e trazemos uma sonoridade anti-natural para a nossa voz, que, além de dificultar o ouvinte em compreender nossa identidade, ainda poderá gerar problemas maiores no futuro. Explico: dependendo dos mecanismos que você usa para conseguir essa sonoridade que não é a sua, você pode estar empenhando esforços como, por exemplo, tensão exagerada na sua laringe e sobrecarga muscular. Cantar não pode ser uma atividade que gere tensão, esforço, dor, desconforto. Pelo contrário, precisa ser algo prazeroso, leve, afinal, cantar é deixar que outros escutem a verdade que existe dentro de você (e só você é capaz de escutar). Não há espaço para esforço ou desconforto quando você está sendo você mesmo.
Instrumentos diferentes geram sonoridades diferentes. Qual é o som que sai naturalmente de você? Você é um instrumento único, lembra? Descobrir as características próprias da sua voz e trabalhar para aprimorá-las, respeitando seus limites, é uma boa maneira de começar. Costumo dizer aos meus alunos: quando você deixa de ser você , fica faltando você no mundo, porque ninguém mais pode dar ao mundo aquilo que só você é capaz de oferecer.

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